img img img img

Diálogos Aliar: com Mirian Vieira

Os serviços compartilhados, a cooperação e a inovação são palavras que vem ganhando força no ambiente empresarial. Como você percebe esta evolução? E na prática ela já vem ocorrendo?

O que impulsiona todos esses movimentos é o fato de que, para a maioria das empresas consolidadas no mercado, a inovação se tornou urgente. Implantar uma cultura de inovação e transformação constante é um grande desafio para nós gestores, pois passa pelo movimento de engajar as pessoas. Entender que a mudança é uma constante, requer nos apoiarmos em ferramentas que promovam isso. Esse movimento está muito forte no Brasil, e não inclui apenas empresas de tecnologia, a exemplo conheci recentemente o case da SERASA e da Tecnisa que estão há mais de 4 anos com ações como essas e se tornaram empresas referência em cultura de inovação e atração de talentos.

Quais os maiores desafios que empresas de tecnologia da informação tem na atualidade?

Os desafios são reflexo do crescimento acelerado que, as empresas de tecnologia vêm enfrentando. Esse crescimento exponencial, vem da nova onda de transformação digital que as empresas estão passando, promovendo uma nova forma de gerir negócios e escalar a eficiência através do uso da tecnologia, garantindo a longevidade do negócio. Com isso a tecnologia que antes tinha um papel coadjuvante nos negócios, passa a se tornar o core business das empresas.

A atração e retenção de mão e obra diferenciada é o maior desafio para as empresas de tecnologia, temos uma carência de profissionais que estejam não somente qualificados para a função, mas que também estejam engajados com o propósito do negócio, e que sejam capazes de focar toda a sua potência de agir para os resultados da empresa.

 A competitividade das empresas brasileiras  ainda é um limitador de crescimento. Quais ações poderiam ser realizadas para que houvesse uma melhora neste indice? E nós como cidadãos, o que podemos fazer para  auxiliar nesta evolução?

Para falarmos em competitividade é necessário entender o cenário em que estamos inseridos. O Ranking de Competitividade Mundial 2017, realizado pelo instituto suíço IMD, que avalia 63 países, sob os seguintes aspectos: performance econômica, eficiência de governo, infraestrutura e eficiência empresarial, classificou o Brasil na posição 61, ficando apenas a frente de Venezuela e Mongólia.

De 2013 para cá o Brasil caímos 10 posições, sendo que somente em 2016 perdemos 4, devido aos indicadores políticos do país.

Nos países que lideram o ranking, são eles: Hong Kong, Suíça, e Singapura, há uma característica em comum onde o índice de eficiência empresarial é elevado devido aos altos níveis de produtividade.

No Brasil o progresso sócio econômico de 2002 a 2014, foi uma ilusão, pois não foi obtido com o crescimento real de produtividade. Ou seja, temos um problema grave de produtividade no país, e sem tratá-lo, não há como obter crescimento, melhora social e competitividade.

Portando é urgente internalizarmos que somos responsáveis por promover nos ambientes corporativos em que estamos inseridos, ações que aumentem a produtividade e eficiência operacional. Se produtividade, nada mais é que operar por menos e precisamos não só de uma produtividade mais escalável, mas também de um time engajado, o conceito de inovação aberta e a colaboração podem contribuir muito para obter esse ganho.  Pois envolvem diversos “personas”, sejam elas internas e externas à organização, introduzindo a incorporação de tecnologias e produtos, bem como, outras maneiras de geração de receita e lucro. E tudo isso de forma colaborativa explorando o potencial máximo das pessoas envolvidas.

Quais as tuas sugestões para nós mulheres de negócios nos destacarmos ainda mais no ambiente empresarial?

É um grande desafio para nós mulheres, conquistarmos espaço no mundo dos negócios. No Brasil, há poucas mulheres no topo das organizações. Considero dois aspectos que devem ter nossa atenção neste tema. O primeiro é que historicamente as mulheres foram condicionadas a servir, cuidar e zelar por tudo e por todos, e desta forma foram reconhecidas pela sociedade. Somos muito intensas e muito exigentes quando abraçamos um objetivo. Qualidade esta que também nos traz dificuldade na hora de entender como equilibrar esforços para ter uma família e uma carreira de sucesso.

O que tenho visto nas organizações, são muitas mulheres em cargos operacionais e de média gestão, e que não questionam a possiblidade de assumir altos postos, porque já estão sufocadas em ser eficiente no trabalho e eficiente na vida pessoal. Todas, de certa forma, compartilham um mindset focado em entregar algo perfeito, mas não de gerir e liderar grandes feitos.

O segundo aspecto é sobre a escolha de uma carreira executiva. E aqui considero essencial estarmos apaixonadas por essa escolha, o que por consequência torna natural e desafiador redirecionarmos todos os nossos interesses para este tema. Manter-se interessada pela economia mundial, pela política mundial e local, pelos índices financeiros e comportamento de mercados das empresas com as quais o meu negócio pode sofrer interferência, enfim estar atualizada e preparada para tomar decisões e liderar grandes iniciativas que promovam transformação nas empresas. 

Susan Colantuono, CEO da Leading Women – uma das maiores empresas de consultoria do mundo que apoiam iniciativas corporativas para fechar a lacuna de gênero de liderança, é uma especialista mundialmente reconhecida em desenvolvimento de liderança feminina.

Ela apresenta um estudo no qual as mulheres representam 50% dos cargos operacionais e de gestão média nas organizações no mundo. Por outro lado apenas 1/3 deste total conseguiram ocupar o topo das organizações. Ela cita em sua pesquisa que em geral as mulheres ignoram em suas carreiras, que a liderança no topo das organizações, requer ser reconhecida como uma líder capaz de alcançar resultados financeiros para o negócio através das pessoas. Compreender seu papel como responsável pelos indicadores financeiros do negócio e ter essa pauta no seu dia a dia.

Portando concordo muito com Susan, e entendo que precisamos pensar mais estrategicamente no negócio para nos tornarmos essenciais a ele.